domingo, 23 de setembro de 2012

E eu que pensei que pra ser feliz bastava apenas olhar nos teus olhos e descobrir que tudo era simples do jeito que eu imaginava. O que esperar de um universo hipócrita que insiste em nos cercar por todos os lados? O teu beijo por trás de tudo isso, apenas. Te ver entrar no carro, dominar o teu lugar, fazer com que ele seja teu, regular o banco, apertar minhas coxas como quem diz, "Por que tens que ficar sentada aí se me tens aqui ao lado pronta para qualquer coisa?". As ruas nunca foram tão testemunhas de tudo o que acontece. Vias escuras, árvores com sombras gigantescas, olhos fechados, escuro, tudo escuro até demais. "Vivo as claras", eu disse. "Ninguem precisa de claridade quando só se quer fechar os olhos", você falou. E nessa busca por tentar mostrar maturidade, querer ser mais que tudo isso, a gente vai deixando os tropeços de lado, vivendo um dia de cada vez, mas se tocando como se fosse o último contato. Não me importo que ele seja, desde que continue sendo meio teu, meio meu. Não me importo se tu és de Plutão e eu estou em Marte. Tem sido assim, na verdade acho que sempre foi. "Estás gostando", "to tranquila", "quantas diferenças", "nunca busquei o que me fosse semelhante". Tanta fala, tanto dito, tanto a dizer. Quem de nós sabe o correto a ser feito? Quem vai mostrar que nada do que está acontecendo deveria acontecer? Quem se habilita a encontrar saída pro que ainda nem teve entrada? Quem poderia sugerir que um dia seriamos o que nunca fomos agora?