terça-feira, 31 de março de 2009

Tablado

Baila.
Bailarina, chega e se apossa da minha alma.
Com toda essa leveza. Vem, me acalma.

Me deixa te observar.
Me deixa subir no teu palco, dançar tua dança.
Viver tua música.

Faz com que o teu número seja eu.
Dança com as palavras.
Sussurra teu desejo.
E o expõe em beijos,
Em pés, em mãos, em desejo.

Bailarina,
faz de mim tua sina.
Age como se fosse o teu último show.
Crie o roteiro dessa nossa dança, minha doce criança.

Baila.
Bailarina, transforma palavra,
Vive o desejo.
Vem, me alucina, minha branca bailarina.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Espera.

Já são quase meia noite, olho no relógio e os segundos parecem funcionar como horas de um dia interminável. Olho para os lados, nada vejo. Não consigo enxergar o clarão que deveria surgir em fração de segundos por entre as ruas estreitas e cheias de carro da cidade baixa.
Eis que surge, assim, com o clarão e um constraste entre o verde e o azul do teu jeans mais bonito. Brota de algum canto da cidade, com a expectativa de ficar um pouco mais perto, junto a mim.
Saio, trajada com o desejo que nunca deixou de dominar todos os órgãos do meu corpo, que quando te vê, parece evoluir, trascender para um mundo inimaginável, que só espera encontrar com outro: o seu.
Te cheiro, sem te tocar, sem me aproximar. Sinto em mim, o teu cheiro, o teu. Se apossando de todos os meus sentidos, tornando-os dependentes do teu sabor, do teu toque, do teu perfume, do teu eu.
Te acompanhar, te ver passar, te sentir e te acalmar. Querer poder deleitar-me sempre que possivel nessa calmaria que és, fazer com que sejas o meu motivo pra sorrir, pensar e querer algo mais.
Quero, sim eu quero. E não choro, não temo, apenas quero, como quero. Surjo com um sorriso, aqueles de canto de boca, que mostram inquietação. Ela que surge por não te ter o tempo inteiro, aquela que me faz ficar boba e dizer coisas sem sentidos que arrancam gargalhadas de ti como se o circo formando por nós, mesmo sem sabermos, nos faz atores principais desse malabarismo de paixão, carinho, cuidado e por que não dizer, amor? Não preocisamos sentir o amor proveniente da junção de dois corpos que se unem em um único objetivo: amar intensamente.
O nosso amor é estranho, é um amor as avessas. É um amor implicito. É um amor de carinho, cuidado e afeto. Porque pra mim, a adoração já não é suficiente se eu não a sinto mais em sua plenitude. O amor, por ti, como pessoa, ultrapassa qualquer sentido de uma simples adoração, sem veneração. É simplesmente amor, amor pelo desafio. Desafio vocÊ.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Vida, vai.

Eu sempre tenho os meus famigerados "surtos psicóticos". Uma fase em que sinto dores que não existem, acho que tudo me atinge e que nada vai dar certo. Dizem que é a chamada TPM, mas logo penso que é mais que isso.
Surjo uma, duas, ou trÊs vezes ao mês com alguns sintomas de alergia emocional, gripe afetiva e até mesmo a suposta dengue amorosa. Pois é, quem me conhece sabe. Algumas pessoas, que convivem comigo, diariamente, chegam até a dizer que não existe uma noite sequer, em que eu não esteja doente.
Pois bem, esse post não é pra falar sobre isso, e sim, pra dizer o quão breve é a vida.
No começo é tudo lindo, lindo, tão lindo, que nascemos com cara de joelho, é joelho mesmo. Até pior do que o joelho deformado do Ronaldinho e pasmem, existem pessoas que acham que todo bebê é lindo. Eu, particularmente, não sei dizer que um bebê é lindo, sendo que ele é a coisa mais horrorosa que eu já vi, mas só pelo fato de ainda ser praticamente um feto, todos dizem e espalham aos quatro ventos que aquele pobre joelho com reumatismo é lindo.
Tudo bem, tudo bem. Não sou cruel e amo crianças, independente da sua beleza. Eu, por exemplo, tenho um primo cabeçudo, mas que é a paixão da minha vida. Deus, onde vou com tantos rodeios.
A verdade é, que mesmo o ser humano nascendo com cara de joelho, ele nasce desprendido de qualquer coisa, a única coisa em que ele ainda pode ser considerado preso é ao leite materno. Eis que mais um ser humano vem ao mundo e com ele, aquela tão esperada alegria, paz, calmaria, proveniente do nascimento. Ele nasce, inocente, ainda sem saber o que a vida traz, o que ela apronta. Vem sem medo, sem receio, ainda não sabe de nada.
Mas passam-se os anos, 1,2,5,10,12 e os primeiros problemas começam a surgir. Sim, problemas, sim. Os de conflito interno, os de externo, as provas na escola, isso tudo não deixa de ser problema, agora claro, os problemas surgem de acordo com a fase da sua vida.
O garoto que antes não entendia muita coisa, fica mais confuso ainda, por não saber o que se passa com o seu corpo. De repente ao estar jogando video game, sente, do nada, atração pela kitana do mortal kombat e, assim, sem mais, o que antes parecia morto, levanta e toma posse do pobre corpo do garoto. E a menina nessa fase? Se vê diante de um mar vermelho, imponente e que parece nunca ter hora pra acabar. E a dor que vem junto a essa enxurrada parece matar lentamente, aquela pobre garota.
Eis que chega a transição entre a adolescência e a fase adulta. Pra mim, é a pior fase. Ao mesmo tempo que queremos corpos, sentir novas sensações, passamos a adquirir responsabilidades. Faculdade, estágio, emprego, balada, sexo, namoros, paixões, amores (ah! os amores), contas, problemas, confusões e afins, tudo isso começa a fazer parte da nossa vida.
E a fase adulta? Alguém já conseguiu chegar nela? O que ela realmente significa? Será que até quem se intitula adulto, não é mais criança do que parece ser? Eu não, não consigo definir a palavra adulto, mas tenho bastante definida a palavra "velhice".
Velhice: estado ou condição de velho; idade avançada; ancianidade; as pessoas velhas;antiguidade.
Pra mim velhice é quando o ser humano já se sente fraco a ponto de não gostar mais dele mesmo. Velhice é achar que já viveu de tudo, mas saber que ainda falta algo mais. Velhice, não é a idade que o IBGE determina, velhice é o estado no qual o ser humano se encontra, após sentir uma fraqueza física aliada a um fraqueza mental, que aí sim, faz com que ele não sinta mais vontade e não tenha mais forças para ser o que um dia foi.
Velhice é o fim espantoso, mas o começo de uma suposta jornada eterna.
Não sei o que vai ser de mim, sei que um dia ficarei velha. Disso tenho certeza. E como sempre digo: no dia da minha morte "não quero choro, nem vela". Quero um velório lotado de gente, eu faço questão. Quero que toque "your song" do Elton John, mas na versão do Ewan Mcgregor. Quero ´todo mundo lá, cantando alguma música que faça lembrar de mim, as lágrimas podem até cair, mas que ao lembrarem de algum gesto meu, um único que me caracterize, pode até ser uma história, que a lágrima seja substituída por um sorriso, o meu sorriso.