terça-feira, 18 de novembro de 2008

A felicidade contraditória de um casal divorciado

Eu já havia assistido eu sei que vou te amar, filme dirigido por Arnaldo Jabor e estrelado por Fernanda Torres e Thales Pan Checon, mas agora li a obra baseada no filme que recebe o mesmo título e é escrito pelo mesmo diretor.
Quem me conhece sabe do meu fascínio literário e cinematográfico, pelo Jabor.
Mas o assunto em questão não é esse e sim, o EU SEI QUE VOU TE AMAR.
O filme é feito todo em cima de um diálogo, entre um casal (Fernanda e Thales) que houvera se separado há pouco mais de três meses. Nessa discussão desenfreada e com picos de amor e ódio evidentes, o casal, ainda jovem, decide promover uma espécie de jogo da verdade sem regras e muitos participantes, apenas as mentes confusas de ambos e todo o sentimento jogado em um liquidificador duplo.
Arnaldo, consegue retratar claramente, o cotidiano de um casa feliz, como diz Jay. Mas na verdade, a convivência diária de dois corpos em um mesmo lugar, dividindo anseios, esperando gestos, desejando nexo, não passa de uma realidade pouco retratada.
O que se pode ver em Eu sei que vou te amar, é o mais puro tratamento de corações apaixonados, amantes mal amados, que viveram intensamente, mas que foram sugados pela máquina do casamento. O tal matrimônio, que eu tanto quero ter e que de um todo, não é ruim.
As vezes fico pensando se isso tudo é válido, se eu vou ter que acordar e deixar a cama devidamente arrumada, se eu vou chegar a noite, ou a qualquer hora, e fazer sexo com o meu amor o dia inteiro, se vou cozinhar, servir de mulher mesmo, ou se apenas, irei ser o fruto de mais um desejo que nunca fora imposto nem definido por mim.
O desejo que cobre a nuvem escura do proibido, o desejo de ser mais, o querer ser menos, o tentar ser eu em outro.

O simples querer, de uma felicidade contraditória de um casal que poderá se divorciar.
Sim eu quero.

sábado, 15 de novembro de 2008

Estava à toa na vida,

O meu amor se isolou
Pra ver a banda passar
Fingindo coisas de amor

A a minha vida sofrida
Permaneceu na dor
Pra ver a banda passar
Fingindo coisas de amor

O homem sério que olhava assustado, parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas cansou
Para ver,não ouvir e seguir viagem

A moça alegre que vivia falando fugiu
A rosa linda que vivia entreaberta fechou
E a molecada toda se assombrou
Pra ver a banda passar
Fingindo coisas de amor

O jovem forte se esqueceu do cansaço e pensou
Que estava velho pra sair no terraço e chorou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha triste se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia evidente sumiu
Minha cidade toda se apagou
Pra ver a banda passar fingindo coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Fingindo coisas de amor

ADAPTADA.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vidros embaçados


Sinto como se meu corpo não obedecesse meus comandos. Ele foge de mim, transcende. Toma vida e vai até você. Te beija, deseja, sabe que não pode, te procura, analisa cada parte do seu corpo. Vive, morre, ressucita, tudo em um só minuto.
Ultrapassa a sensatez que nunca existiu, fica preso ao mais profundo beijo secreto, de um momento claro aos olhos de todos.
Desejo, beijo, toque, gosto, gesto. Minhas mãos passam por entre teus detalhes suados, como se deslizassem na fúria do seu mar. Fúria, carinho e preocupação, minha mente? Não.
Não pode, não deve. Não quer dizer que esse tesão que me consome o corpo já dominado pelo calor do teu, não sente o mesmo respeito que tinha antes. Antes de tocar você, de te ter dessa maneira, em qualquer lugar, a qualquer hora, em qualquer situação.
Meu corpo clama! Sexo, sem nexo, eixo, puro desejo. Ver nosso suor molhando as roupas que já não nos pertencem mais. Cometer devaneios, ter anseios.
O olhar nessa hora já é pouco, minhas mãos te analisam, recolhem cada detalhe, armazenam em minha mente os sons que saem da sua boca, assim como o gosto que fica em meus lábios, quando beijo os seus.
Louco desejo.
Contentação, lamentação, inquietação. Rimas pobres e um desejo não saciado. Hora ultrapassada e uma noite mal solucionada. Te deixar com o desejo latente e me esvair na noite, impossibilitada, casta, intocável. E você, lá!
Sem mim, sem ti, fora de si. Apenas com a enxurrada de desejos que insiste em atormentar essa cabeça infinitamente confusa entre pêlos e zelos.