domingo, 15 de agosto de 2010

São três e meia da manhã amor, por que chegar tão tarde, por que sair tão cedo? Onde eu estava? Encostada, por vezes sentada na escada, fingindo não pensar que tu não vens. O que? Tás vindo, agora? Estás chegando? É serio? Ai, tá, eu estou aqui, vida. Estou esperando. Mas vai com calma, tá, sabe o que é? É que faz tempo que eu não te vejo desse jeito, faz tempo que eu nem sei mais qual é o seu cheiro. Mas, amor, não esquece tá, quando estiveres chegando, me olha fundo pra eu entender que tu não vais mais me deixar sair. Queres que eu ponha o vinho na geladeira? Queres que eu esquente o nosso pão? Vamos ver um filme, eu preparo tudo, afinal tu estás de volta? Eu alugo o filme também, deixa que eu penso em tudo. Mas, não demora, o pão esfria, o vinho esquenta e eu não aguento mais de ansiedade. Não? Não queres vinho, não queres pão, nem o filminho, amor?
O que queres afinal, posso pensar em tudo, posso cuidar de tudo, posso me cuidar, queres? Não, de novo? Tás voltando mesmo? ah, estás!! Por um momento pensei que não virias mais. Que? Estás voltando pra cá, pra nossa cidade, pra nossa realidade. Não? É isso, então? Estás voltando pra cá e não pra mim?

(silêncio)