terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lá se vai.


Tudo começa assim: as pessoas se olham, conversam, se encantam, algo deve existir para que elas liguem no outro dia marcando um encontro. No começo tudo é surpreendente, a cada característica nova um sorriso, uma surpresa, uma adoração. Aí os encontros se tornam frequentes e os "defeitinhos" começam a surgir. Primeiro descobre-se que o ciúme é sempre presente, seja em qualquer situação, mas é claro! Ele não seria responsável por destruir todo aquele mutualismo proveniente de um casal com tantas expectativas.
Eis que existe a necessidade de se ter algo mais sério do que simples encontros permanentes. Quer namorar comigo? O outro responde sem titubear: Claro que sim, você demorou muito a pedir!
E tudo passa a ser mais lindo do que já foi. Com o namoro é tudo diferente, as pessoas começam a saber mais do que pensam que sabiam sobre os outros e o pior descobrem coisas que jamais imaginariam saber sobre si mesmas.
Um, dois, três e quem sabe quatro anos, de muito amor, afinal o estágio nomeado de namoro é o melhor de todos. Os namorados são sempre mais apaixonados. Sempre se tocam, se beijam, se amam e evitam brigar. Não que essas brigas não aconteçam (acontecem e são muitas), mas existe uma necessidade de dizer mais "eu te amos" do que "esqueça de mim".
Como namorar não basta um bobo apaixonado propõe noivado. É noivado, por que não? Estamos nos formando, já trabalhamos e podemos viver nossa vida sem depender de mais ninguém, apenas um do outro, é claro. E sem pestanejar decidem noivar e iniciar os preparativos para o casamento.
A alegria que emana do casal é contagiante. Os prepartivos para o casamento estão indo muito bem. Falta apenas um mês e eles se tornarão marido e mulher, viverão felizes na alegria, na tristeza, na raiva, no ódio, no amor, no ciúme, nas contas, pros filhos, pra sociedade e quem sabe para ambos.
A cerimônia começou o noivo finge estar nervoso porque espera pelo amor da sua vida, mas alí no altar, ele começa a pensar que passará o "resto da vida" ao lado daquela mulher. O suor frio escorre pelo seu rosto quando a vê entrar na igreja, toda de branco, com uma pureza que ele sabia que já havia sido tirada pelo primeiro namorado, o primeiro de quatro homens que tinham vindo antes dele. Tudo bem, casar de branco é tradição.
Todo mundo na igreja: pai, mãe, padrinhos, tios, primos... Eles dizem sim e firmam mais ainda os laços assumidos naquele momento com o símbolo maior da felicidade de um casal: a aliança.
Lua-de-mel, ah a lua-de-mel.
SEXO,SEXO,SEXO,SEXO,sono,SEXO,SEXO,SEXO,SEXO,SEXO,fome,SEXO e mais SEXO. A noite de núpcias, o melhor hotel, a melhor comida, a melhor champagne. E ele já pensa na conta que pagará quando essa brincadeira acabar.
A volta pra casa é o mais doloroso, porque a conta do hotel teve que ser paga, porque não farão mais tanto sexo assim e porque sabem que voltarão para a mesma casa, a casa deles, a vida nova que eles optaram por ter.
Dois, três anos de casados e decidem ter um filho. Ele fica aflito o filho vai nascer, puta merda, o plano não cobre as despesas do hospital. Precisa construir um quarto novo, comprar roupinhas, berço, lençol, sapatinho. Agora fodeu. Custo total? Uns 10 mil reais, e é pouquinho, porque ele lutou pra economizar.
O filho cresceu, hoje em dia o custo mínimo MENSAL é de 10 mil reais, com as despesas da casa inteira. Hoje o que havia acontecido no nascimento acontece todo mês, como se um filho novo com os mesmos problemas nascesse 12 vezes por ano.
O SEXO da lua-de-mel? O que? Quem? Alguém o viu por aí? Nada mais se vê do início, apenas um casal que se atura com medo de magoar sua cria, sem saber que a mágoa cresce a todo dia em que permanecem juntos. Agora o sofá existente no quarto serve de cama para o esposo e a esposa, jamais despensaria sua cama box ou a dividiria com o "homem da sua vida", ou pelo menos o que era há uns 20 anos atrás.
E ele? nem a questiona, nem sequer reclama, afinal a cama do motel que ele se deita com diversas mulheres é mais confortável que aquela.

Um comentário:

Helena Chermont disse...

Não sei se é possível generalizar. "Tudo começa assim"...
Mas uma coisa é certa, tem algo de muito real na descrição da lua-de-mel, algo me diz.